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Gente que Persiste #4 - Participações nas Provas de Audax


Para completar uma prova de Audax, além de várias características, a Persistência é uma das principais que o biker deve ter, pois passará por muitas provações, dificuldades e obstáculos, sendo mais fácil desistir do que continuar e completar o desafio.

A biker Patrícia Barcellos, que nos brindou com um ótimo depoimento ciclístico na coluna Gente que Pedala, neste link, vem agora trazer suas experiências em participação nas provas de Audax, culminando com o Audax Floripa 600 KM, que com muito suor e persistência, conseguiu completar! :)

ps: FLN = Florianópolis e POA = Porto Alegre


SOBRE AS PROVAS DE AUDAX - Patrícia Barcellos


AUDAX 2013 - 300 KM FLN
Então. Depois do 300 km do ano passado, eu comecei a acompanhar o site dos Audaxes, os posts do pessoal que participa. Comecei a ler relatos e fiquei tentada a participar mais. 

Prometi a  mim mesma que este ano faria até o 400 km. Ano que vem um pouco mais. 

Desejo participar do Paris-Brest-Paris, que acontece em 2015. Se tudo der certo.

Algumas conversas com o pessoal da Della Bikes, que organiza os Audaxes aqui em Florianópolis, e ia crescendo o desejo de curtir esse clima randoneiro.


AUDAX 2013 - 200 KM - Terra e Asfalto
A série para mim, este ano, começou em março e eu ainda estava casada. 

Combinamos, meu marido e eu, de fazer o Audax 200 km terra/asfalto. Concluímos.

Quando abriram as inscrições para o 300 km me inscrevi e em seguida veio a separação. Mesmo abalada tentei fazer a prova. Por uma série de motivos, cheguei no quilômetro 285 e não consegui mais seguir em frente, quebrei. 


AUDAX 2013 - 300 KM POA -
com o marido Maury Alexandre Vieira dos Santos
Arrasada por não ter concluído, fiz um relato e postei no Facebook, onde recebi muitos comentários solidários e também vários convites de ciclistas para fazer parte de seus perfis. Um destes comentou que eu poderia voltar para a série ainda este ano, se participasse do 300 km que ocorreria em Porto Alegre, dentro de 15 dias. Incentivada, animada e desafiada, me inscrevi. Treinei, organizei, foquei. Neste ‘entremeio’ uma recaída e o namoro com o ex marido começou a tomar forma novamente. Ele decidiu encarar comigo o desafio e fomos, os dois, tentar concluir a prova. Audax em Porto Alegre é encarar um frio de 3º C a noite. Foi duro, mas uma delicia. Conhecer novas pessoas. Entender um pouco mais sobre este tipo de prova. Se superar. Aprender. Trocar experiências.

Conclui sozinha, porque meu ‘namorido’ desistiu no km 200.

A adrenalina foi tamanha, que resolvi não parar por ai e voltando a Florianópolis já me inscrevi para o 400 km. Agora a coisa estava ficando séria. E os contatos aumentando. Pessoas entrando em contato através do Facebook. Os conhecidos de Porto Alegre se inscreveram também. A rede de contatos e amigos foi crescendo e eu, cada vez mais animada me sentindo fazer parte de algo muito bacana. Intenso.


AUDAX 2013 - 400 KM FLN -
com o parceiro Dalton Bertoldi
Um dos ciclistas que participaram do 300 km em Porto Alegre, que conheci durante o tempo que fiquei sozinha na estrada, fez contato comigo, para pedalarmos juntos o 400. Fui na empolgação dele, que é todo organizado e elaborou uma planilha perfeita. Os amigos começaram a dar dicas e um cicloturista (que já rodou a África, Austrália e Europa) que conheci num desses blogs, sabendo do meu sofrimento no primeiro 300 km, com um pneu pesado e largo, orientou a trocar para um mais fino, para cansar menos e aumentar a performance. Falei que não tinha condições de investir e dias depois chega pelo correio (ele mora na Suíça  um par de pneus mais finos. Os que ele tirou da bike dele e me enviou. Agora sentia a responsabilidade de concluir a prova.

Chamei esta prova de Audaxterapia. Foram 400 km pedalando com alguém muito divertido. Ganhei um novo amigo. Vencemos o percurso. Chegamos felizes. Três dias depois eu já pensava no 600 km.

Bom, 600 km é coisa de gente muito grande. Mas o incentivo dos ciclistas é tanto que você começa a se sentir muito capaz. Meu treinador de musculação resolveu fazer um treino especifico e funcional. Na academia o pessoal começou a apoiar e um dos colegas até se inscreveu no desafio do percurso menor, para entender o funcionamento desta prova linda.

Comecei a pensar sério sobre o assunto. Pedalar 600 km não é para qualquer um. Ia acompanhando a lista de inscritos e só eu de mulher. Na última semana 35 inscritos e só eu ainda.


AUDAX 2013 - 600 KM PC - com o parceiro Dalton Volles
No dia da prova, de última hora haviam se inscrito mais duas meninas, vindas de São Paulo. Concluímos juntas. Achei sensacional.

O 600 km me provou como participar deste tipo de prova me faz bem. A solidariedade e companheirismo, que é o chamado espírito randoneiro me encanta.

Num 200 km, ainda se você não tem muita experiência, não tem ideia o que é pedalar longa distância. Tem muitos participantes e ninguém programa nada.

No 300 km você já sabe alguma coisa, mas a noite te ensina truques. (porque é o primeiro Audax onde entra a noite pedalando).

No 400 km, você já tem uma certa experiência e aqui, aprende estratégia.

No 600 km você já está madura. Lógico que ainda tem muito a aprender. Mas não é mais uma principiante. Entende que estratégia, boa alimentação, hidratação e um tempo para dormir, são fundamentais para a conclusão. E principalmente para curtir o percurso. Mais que tudo, a parceria, a solidariedade entre pessoas que mal se conhecem e a amizade que se forma, são o que me encantam num Audax.

No final da prova do 600 km, quando faltavam uns três quilômetros para a chegada, ainda tínhamos que vencer duas grandes subidas. Meus joelhos eu já não sentia, de tanta dor. E meu companheiro de prova também na mesma situação. Resolvemos ir bem mais devagar do que as outras sete pessoas que se juntaram a nós no final da prova. Eles seguiram em frente, já noite. Quando descemos a última subida (em João Paulo) e voltamos para a SC 401, só faltava subir a passarela para atravessar a avenida e chegar na loja, cruzando a linha de chegada.

Para nossa surpresa e alegria, todos os outros sete ciclistas estavam nos esperando para chegarmos juntos, ali em cima da passarela. De longe, vimos as lanternas e faróis piscando. Todos querendo chegar juntos.

Esse é o verdadeiro espírito randoneiro. E foi emocionante. Porque não é competição, é parceria. É isso que me faz querer participar de provas como essa. Não competitivas.
A longa distância é um desafio pessoal.


AUDAX 2013 - 300 KM - Chegada

Queria, este ano, ter participado do 1000 km. Logo na semana seguinte ao 600 km, já pensava nisso, e incentivava a galera que concluiu o 600 km aqui e no Rio Grande do Sul. Mas não foi possível, por questões financeiras.

Ainda. Tenho o apoio dos meus chefes que me incentivam e colaboram com meus horários para treinar.

E mais que tudo. Minhas filhas incentivam, admiram, colaboram. Me sinto fazendo um bem danado para nós três. Mostrando como é legal fazer parte disso, praticar um esporte, conviver com pessoas bacanas. Elas adoram estar na largada, na chegada. Vivem comigo este desafio. Sinto que fazer disso um exemplo, é a melhor herança que posso dar à elas. O desafio de si mesma, o companheirismo, a solidariedade. Fazer amizades, fazer parte de grupos.

SUPER RANDONNEUR = distinção concedida a todo randonneur que completa a série de brevets de um mesmo calendário (200, 300, 400 e 600 km)

Na largada do BRM 600 km fui questionada sobre o que me move a fazer os Audaxes. Eu respondi que nem sabia, não tinha pensado nisso.

É até ridículo não ter uma resposta para esta pergunta. A verdade é o que todo mundo que faz Audax sente: espírito Randonneur.

E o que é isso? Pra começar a palavra “Audax”: na tradução quer dizer audacioso, corajoso. Que define o cicloturista com disposição e coragem para completar longas distâncias enfrentando condições diversas de clima e tempo, às vezes sozinho, muitas vezes acompanhado, e consciente de que pedala se divertindo, que o desafio não é ser melhor do que ninguém, não é ter como meta um prêmio em dinheiro, ou colocação. É cumprir o percurso determinado, com autonomia, sabendo que o importante é chegar bem, tendo conquistado autoconhecimento e amigos, muitos amigos.


Chegada do Audax 300 km em POA - Junto com a família:  filhas, marido, irmã, cunhado, sobrinhos.

Li em algum relato que grandes escaladores, alpinistas, montanhistas, ou quem participa de esportes de endurance gosta de fazer os brevets pois é uma maneira de treinar para suportar fazer a atividade em diversas condições climáticas, por muitas horas, às vezes dias.
Num BRM, ou prova de longa distância, o que vale não é a velocidade e sim o tempo, e como você lida com ele para cumprir sua meta. Por isso, quanto maior o tempo, e a distância, mais autoconhecimento você adquire. E quanto mais você participa das provas, e uma nova etapa você atinge, mais pessoas você faz contato, mais você se supera. E vira uma enorme família, que se apóia, que compartilha o caminho, que solidariza. Então, também dá para dizer que é uma audaxterapia. Por isso faz bem. Por causa disso a gente sempre quer mais. E é isso que me move: poder fazer parte de um enorme grupo de pessoas com um objetivo comum, saudável, movidas pelo desejo de se superar, divertindo-se, planejando juntas, vencendo medos e inseguranças e percebendo que a vida nada mais é que um caminho como o dos Audaxes, que precisa de planejamento, cabeça boa (ao contrário do que possa parecer, já que dizem que somos todos loucos!), estar bem alimentado e forte, focando o percurso em partes, pra chegar bem no final.

Eu ia fazer um resumo dos brevets desse ano (se o texto já ficou extenso sem o ‘resumo’, imagina se tivesse feito..), incluindo aquele que eu não concluí. Mas resolvi que só agradecer já basta. Minha meta este ano era conseguir fazer o 400. Por alguns detalhes quase não cheguei nem ali. Mas foi justamente por não ter concluído o primeiro 300 km (quem acompanhou tudo sabe do que estou falando) que cheguei ao 600 km.

Então meu agradecimento ao Milton, Edith e Rafaella Della Giustina e toda equipe e colabradores da loja, a Sirley Ninki da SAC de Poa e toda galera de Bento Gonçalves e do RGS que participa de todos os brevets daqui e de lá, gente doida pra caramba. Mas o principal agradecimento aos parceiros de começo, meio e fim Maury, Dalton Bertoldi, Dalton Volles, Renata, Luciano, Fernando. E pra galera que acreditou muito em mim e que incentivou e apoiou, lembrando do Marcelo Stimamiglio (que me fez a cabeça pro 600 km, na chegada do 400 km), Jorge Meira, Fabio Rosa (que colocou a mão no meu ombro) e Chris Nora que deu a dica pra eu continuar.


Brindando na chegada do Audax Floripa 600 km com o Dalton Volles e a Renata Mesquita(veio de SP)

Dá vontade de citar todo mundo, porque é bom fazer parte disso com essa turma. As dicas que vem de perto e de longe. Os relatos que eu leio. O figuraça do Pereira que a gente encontra sempre, e já virou lenda nos Audaxes. O Japa, que a gente tem várias historinhas pra citar. O Wollen que é outra figura, sempre no ritmo dele, sempre sorrindo e tranquilo.
Lembrança das boas conversas, das risadas, dos xingamentos. Dores, subidas, descidas e mais subidas. Nascer do sol, pôr do sol, estrelas, lua, frio, mais nascer do sol. Pneus trocados na estrada, no escuro. Acidentes. Abraços. O silêncio em grupo, quando a noite pede calma. A alegria do reencontro nos PC’s. Subidas que descem, descidas que sobem. Vento contra e a favor. Vento mais contra ainda. Cheiro bom de café com leite, macarrão quando a fome tá apertada. O gole de água na hora certa. A roupa molhada de transpiração e a vontade de tomar um banho. Banho que refaz pra recomeçar. Delírio quando bate a loucura de tantas horas de pedal e tudo se mistura, bike e corpo num só ser. Solidariedade na estrada. Cheiro de maresia quando a gente fica bem pertinho do mar. Amigos esperando nos PC’s. Buracos da estrada e ressaltos da estrada. Família acompanhando a largada. O abraço das filhas na chegada. As dores do dia seguinte. O êxtase do dia seguinte. E o mais gostoso de tudo: avistar a galera, com faróis e lanternas acesas, esperando na entrada da passarela que leva à reta de chegada, só pra todo mundo chegar juntos. Todos loucos pra chegar, cansados, mas com o espírito de não deixar ninguém pra trás, de compartilhar a glória de conseguir chegar bem, no tempo estabelecido. A dor passa quando a adrenalina toma conta. E isso é bom demais!

Gosto muito quando a gente se reencontra. Ano que vem tem mais. Tentar a série toda até 1000 km (que este ano não deu por falta de verba....). E focar em 2015.


AUDAX 2013 - 600 KM - Chegada

Um comentário

  1. Mais do que um depoimento, suas palavras revelam a emoção das experiências vividas, do companheirismo, da solidariedade e da superação compartilhados.Mostrando garra de pedalar cada vez mais. Parabéns pelas escolhas, ousar é viver!
    Super abraço!

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