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Gente que Pedala #27 - Emerson Almeida das Neves


Pedalando desde a infância, mesmo quando ainda não tinha uma bicicleta, o biker Emerson Almeida das Neves deu um depoimento ciclístico bem legal e completo, relatando suas pedaladas em todas as fases da sua vida, inclusive nos contando como suas magrelas participaram de situações importantes para ele.

Este ano o Emerson Neves sofreu dois acidentes bem feios enquanto pedalava e inclusive ainda .está  sem pedalar em função da última queda. Será que ele pretende voltar a pedalar ? Ou decidiu largar o 'mundo das bikes'? Conheça a resposta lendo outro depoimento Show de Bike publicado na coluna Gente que Pedala.

CicloAbraços, Biker


A minha paixão por bike começou quando meu primo de Ponta das Canas ganhou natal uma Berlineta da Caloi de presente. Ele tinha 12 anos e eu tinha 10 anos. Meu primo já sabia pedalar e foi ele que me ensinou. Em um dia aprendi a andar e, depois disso, meu sonho era ganhar uma bike, mas eu era pobre e não tinha condições. Passei as férias toda de verão brincando com a bike dele. Depois começaram as aulas e só podia andar de bike nos finais de semana. Então todo final de semana ia pra casa do meu primo para andar com a bike dele, mas minha mãe que sempre trabalhava pra dar o sustento, começou a guardar um grana pra comprar a minha bike. 

Passou um ano, no dia do meu aniversário ela conseguiu comprar uma bike usada do filho da patroa. Ela pagou o frete e me falou que nós iríamos pegar o meu presente. Chegando lá e vi a bike, uma Monareta vermelha, coisa mais linda! Beijei a mãe, a bike e chorei de emoção, pois foi o meu maior presente até hoje! 


Monareta vermelha
Fomos pra casa e, chegando lá, já fui pedalar. Desci o morro onde morava e fui todo feliz mostrar a bicicleta para meu amigos. Todos queriam andar na minha bike! Depois disso só andava de bike. Ganhei um cadeado da mãe e ia sempre de bike para o colégio. No colégio tinha uns amigos que tinham bike, eles tinham aquela BMX com freio a tambor e a Caloi Extralight que era um sonho de bike naquela época, pois permitia fazer fazia manobras e também empinar. Nessa de empinar, tentei com a minha, mas não dava por causa garupa, então fui à casa do meu amigo e lá serramos a garupa e vivia empinando a bike, subia e descia os morros onde morava, andava por todos os lugares: Trindade, Pantanal, Córrego Grande, Santa Mônica, Beira Mar, Centro... Me reunia com os amigos no verão pra ir de bike até a Lagoa. O pneu já estava careca e vivia remendando por dentro pra poder andar, mesmo com minha bike gasta, ainda ia final de semana na casa do meu primo contar o que fazia e andar com a bike dele também. Assim passou a minha infância em cima de uma bike.


Pedalando com o grupo Floripa Bikers
Troféu conquistado na competição
Fuga de São Pedro
Quando tinha 14 anos, comecei a trabalhar e minha bike estava se desmanchando. Juntei 3 meses de salário, dei minha bike velha e mais uma grana e comprei de um amigo uma Caloi Cruiser:, agora sim continuei indo sempre de bike para o serviço, passeava com o amigos e todo dinheiro que ganhava gastava com a bike. Ia muito ao Della Giustina na Trindade e às vezes ia em Capoeira ao Cicles Hoffman. Andava por tudo de bike! Eu mesmo pintava minha bike com tinta de spray, engraxava, limpava, gostava de passar um Bombril no aro e no guidão pra ficar brilhando, e assim o tempo foi passando.... Mais tarde comprei uma Mountain Bike de alumínio da Caloi: a minha primeira bike de marcha! Aí não tinha morro que não subia: gostava muito de subir o Morro da Cruz e fazer umas trilhas com ela. Depois fui para o exército e fiquei um ano sem pedalar. Saindo do exército, arrumei um emprego no centro e comecei a ir para o serviço de bike: Trindade e Centro todos os dias pela Beira Mar.

Assim o tempo passou... Certo dia, resolvi dar uma banda, passei a tarde toda pela beira mar e, no final da tarde, resolvi passar no centro. Passei na rodoviária e depois resolvi passar de bike pelo viaduto. Chegando lá, encontrei duas gatas! Puxei um papo com ela e na conversa notei que uma delas estava afim, passeamos pelo centro, sempre empurrando a bike e caminhando no lado delas, papo vai, papo vem e já estava na hora delas pegarem o ônibus. Chegando o ônibus, uma foi e a outra eu puxei e ficamos ali a namorar no terminal até chegar outro ônibus. Nos despedimos e fui embora com minha bike. Continuei a ir todo dia no centro trabalhar e depois ia me encontrar com ela no colégio.  O tempo passou e eu e ela nos formamos; eu sempre de bike :). Nos casamos, comecei a pagar aluguel em Coqueiro e trabalhava no Estreito. Após um tempo, comprei um apartamento na Serraria e comecei a trabalhar no Floresta. Era contra mão ir de ônibus, então resolvi ir de bike. O tempo passa... Nasceu minha filha e quando ela já estava com cinco anos comprei uma bike e ensinei ela a andar, mas não se interessou e assim foi passando o tempo, sempre pedalando.


Pedalando por Floripa
Quando completei 40 anos, já tinha quitado meu apartamento, já tinha meu carro, mas só andava de carro final de semana, quando comprei meu carro fiquei naquela ilusão de ir de carro para o serviço, fiquei nessa durante 2 anos, mas o trânsito começou a me estressar, pois tinha que acordar cedo para não pegar fila e na volta ou saía cedo ou tarde pra não pegar a hora do rush. Chegou uma hora que não aguentei mais e então fui ver uma bike, pois aquela minha eu tinha trocado por um jogo de aro para o carro. Fui na loja e comprei minha primeira bike nova, comprei uma SK da Caloi e comecei a pesquisar na internet sobre os grupos de pedal e então conheci o Floripa Bikers. Numa quarta feira fui pra fazer o pedal light e conheci o Mauricio, o Piva, o Lamin, o JJ, o Jerônimo e fomos fazer o primeiro pedal com um grupo organizado. Depois disso eu não fui mais o mesmo! No outro dia fui procurar uma bike mais parecida com aquela que o pessoal pedalava e então dei a minha de entrada numa loja e peguei um Scott de 24 marchas. Na segunda feira tinha o pedal PRO: pedal puxado no Morro do Pagará. Então fomos, no dia do meu aniversário, chovendo, com o mesmos integrantes, bikers gente fina que me apoiaram no Morro do Pagará. Pensei que não iria aguentar, mas com apoio deles consegui! Depois disso, comecei a ir em todos pedais do grupo e ali fiquei uns três meses. Participei de várias competições com esse grupo como a Marcio May Pedra Branca e a Fuga de São Pedro. Logo conheci outro grupo que era mais próximo do meu serviço e comecei a treinar com eles.
Aproveitando da natureza com a bike
Junto com o Grupo MTB Floripa
Depois de um tempo no Floripa Bikers, comecei a pedalar com o MTB Floripa que é um grupo maior e mais forte. Fizemos uns pedais para a cidade de Angelina e depois participamos da competição que saía de São José, ia até Angelina e voltava, além de outra que também iniciava em São José e terminava no Santuário em Nova Trento. 

No final do ano passado treinamos para a prova Marcio May Rio do Sul, primeira prova fora da grande Florianópolis, pneu slick, prova de asfalto, tudo novidade! Ano passado já tinha conquistado o quinto colocado, o quarto e no Marcio May Rio do Sul alcancei a terceira posição! Em menos de um ano treinando em grupo conquistar esse três troféus pra mim foi bom! Fechei o ano de 2012 com chave de ouro, pois nunca na minha vida tinha conquistado troféu nenhum e com 41 anos, em menos de um ano, consegui essa façanha. Fiquei deslumbrado com o esporte e prometi que em 2013 iria treinar mais, para ser campeão da minha categoria ou até mais, depois que fiquei em terceiro no Marcio May Rio do Sul os bikers até me valorizaram mais e assim acabou o ano.


3o colocado no Marcio May Rio do Sul
Treinando
Chegamos em 2013 e comecei a treinar forte com o grupo, no final de fevereiro fomos fazer um treino em Varginha, preparando para a prova Desafio da Serra do Rio do Rastro. Subi o morro tranquilo pois a subida é meu forte. Esperamos para reagrupar e começamos a descer. No final do morro da Varginha próximo a Antônio Carlos, perdi o controle da roda traseira na curva, voei a 80 km por hora e bati com o ombro no barranco. Pela dor, pensei que iria morrer! O Assis foi o primeiro a me socorrer e depois os outros. Consegui levantar com ajuda deles e senti uma dor forte e um calombo enorme na clavícula: pronto quebrou a clavícula! Por coincidência, passou uma van e o motorista era meu amigo e me levou até a casa da namorada dele. De lá telefonei pra pedir socorro. Marcamos com o Samu para me pegar em Antônio Carlos. Meu amigo me levou ate Antônio Carlos onde o resto do grupo me aguardava ansioso. Chegando lá, o Samu demorou para aparecer, então um amigo do pedal, o Chales ligou para um amigo que morava perto e ele me levou até o atendimento da Unimed atrás do Mundo Car e ainda consegui que ele levasse a minha bike: não ia abandonar ela sozinha... Então fomos e chegando lá, disseram que não atendiam fratura e me mandaram para a clínica da Trindade. Liguei para minha esposa. Ela me pegou e me levou ate lá e o rapaz que me trouxe foi embora e eu o agradeci muito.


Galera do MTB Floripa
Chegando na Trindade, tiraram Raio X. Conclusão: rompi o ligamento! Fiquei um mês esperando para operar. Passou o tempo, operei e depois de dois meses já estava pronto pra trabalhar e já estava até pedalando, quando fui fazer um treino para o Marcio May Pedra Branca. Fiz o treino tranquilo e me sai bem. Já estava pronto para me inscrever na competição, faltando uma semana para a prova. Então fui embora todo feliz, quando começou a chover e fui embora embaixo de chuva. Saí de Pedra Branca em direção até a Serraria onde moro. Chegando próximo a Barreiro, estava a uns 35 km/h pela marginal, quando não notei o buraco que a Casan tinha feito, pois estava chovendo. Passei no buraco perdi o controle e cai com o outro ombro, pois não queria machucar o operado. Na hora da queda me virei para proteger o lado direito e senti a mesma dor da clavícula, só que do outro, pois bati com tudo com a costela e ombro no chão. Fiquei alguns segundos sem ar e então parou uma alma caridosa que me ajudou a respirar, colocou-me no carro e me levou até em casa. Agradeci à pessoa e pedi pra minha mulher me levar no ortopedista. 

Cheguei lá e o medico constatou uma luxação no clavícula e costela trincada. Receitou um remédio que tomei durante uma semana e a dor continuou. Duas semanas depois fui ao especialista e ele disse que tinha suspeita de rompimento do tendão da clavícula, mandou fazer ressonância e agora estou aguardando os resultados. Mais dez dias de espera pelo resultado, mais 2 semanas para operar e mais 3 meses para recuperação. Nesse tempo fiquei três meses sem receber, recebi ajuda financeira de meus amigos e tive que vender minha bike. Mas depois que recebi da perícia, comprei outra bike e agora só estou esperando melhorar para voltar a pedalar, pois pedalar faz parte da minha vida e sem isso eu não vivo mais! Minha paixão, minha vida, não penso em carro, nem moto, nem ônibus, nem o que for, eu só quero pedalar! Descobrir novas amizades, novos lugares e apreciar as coisas simples da vida, a beleza natural que Deus criou.

tks

4 comentários

  1. Bem legal o depoimento, mas o que quebrou as pernas foi "Depois de um tempo no Floripa Bikers, comecei a pedalar com o MTB Floripa que é um grupo maior e mais forte". Chamou o pessoal do Floripa Bikers de fraco heheheehehehe.

    Abraços amigo, também estava no seu primeiro pedal forte no floripa, comemorando seu aniversário.

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  2. O relato mais emocionante que vi até agora. Parabéns!

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  3. Depoimento emocionante. Não conheço o figura, mas vejo uma fissura pela Bike nunca antes vista !! Parabéns pela empolgação, continue assim e treina pra não cair mais de ombro, porrais !!!! hahahha Abraço

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  4. Que história linda de superação . Paixão. Isso é maravilhoso. Parabéns.

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