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Gente que Pedala #15 - Vânio J. Savi


O biker Vânio teve que aprender a andar de bike 'na marra', quando ainda era criança e aprendeu uma lição para o resto da vida. Depois, usou a bike por vários anos como seu veículo de trabalho e também para seu lazer.

Passou por algumas fases de 'esquecer' a bike, mas, desde 2006, isto mudou radicalmente, quando recomeçou a pedalar e foi ampliando seus limites, já tendo feito várias pedaladas internacionais, inclusive no outro lado do mundo.

Espero que gostem de mais esta história Show de Bike!

CicloAbraços, Biker

ps: São tantas imagens legais, que as incluí fora da cronologia, mas que demonstram como o Vânio é "Gente que Pedala" :)

Bike dobrável em Beijing
Minhas primeiras pedaladas foram meio que “na marra”, com a bike do meu irmão, uma velha Monark, pelas ruas do Rio Fiorita, uma pequena Vila de Mineração no município de Siderópolis, no sul de Santa Catarina. 

Na realidade meu pai me obrigou a aprender a pedalar para ajudar na lida diária, uma vez que tínhamos um armazém de secos e molhados e alguém tinha que fazer as entregas em domicílio. Quem fazia esse serviço era meu irmão mais velho, até que um dia meu pai forçou a barra e me deu um dia para “aprender a andar de bicicleta”.

Iniciei a batalha cedinho, e no meio da manhã já estava pedalando de mãos soltas. Quando achei que estava “bambam”, pedi para meu pai ficar na porta do armazém que eu iria passar ladeira abaixo. Chegando em frente, larguei as mãos do guidão achando que estava arrombando. Voltei para casa imaginando que seriam só elogios, acabei levando um tapa na bunda, e meu pai ainda falou categoricamente:

- “Eu disse para aprender a andar de bicicleta, e não para fazer bossa!”.
Nunca esqueci a lição.

Pedal que fez com a esposa, num giro pelo Uruguai
Assim veio a minha primeira bicicleta, uma Gallo, verde escura, com guidão inteiriço, sem mesa, freio traseiro contra pedal, e dianteiro com um tacão de sola de pneu de automóvel que pressionava diretamente a banda do pneu da bike, ao ser acionado por um manípulo no guidão, acoplado a uma haste metálica, portanto sem cabo. Essa bicicleta foi enviada por um senhor que morava em Siderópolis e havia mudado para Laguna. Como tinha uma dívida com meu pai, para saldá-la, mandou essa bicicleta. Quando fui buscá-la na estação de trem do Rio Fiorita, foi uma festa. Era uma aro 28, mas com quadro tamanho gigante, que me obrigava a pedalar enviesado por baixo do cano superior do quadro à moda das meninas quando pedalavam bicicleta “de homem”.

Após muitos pedais, ou muitas encomendas e entregas, veio o primeiro furo de pneu, juntamente com a primeira decepção: a câmara estava mais cor de rosa do que preta, de tantos remendos. Contei 19. O pessoal da velha guarda lembra, os remendos eram cor de rosa. Cortava-se um pedaço com tesoura e colava-o com cola Michelin, que a gente pronunciava “mixilim”.

Pedalando em Milão
Em 1968 quando cursava o segundo ano do ginásio, ganhei uma Monark Barra Circular, lembro como se fosse hoje o dia em que o caminhão da Transportadora Cresciumense (era assim que se chamava), parou em frente ao armazém. O motorista apresentou a Nota Fiscal da Mesbla de Porto Alegre, com duas bicicletas, uma para o meu primo e outra para mim, ambas equipadas com farol a pilha, uma grande novidade, pois até então só conhecíamos farol acionado a dínamo. A festa foi grande, ele ficou com a vermelha e eu com a azul.

Com essa bike de quadro com tamanho normal, e eu já crescido, pedalei durante o primário, ginásio e o científico, que cursei no Rio Fiorita, em Siderópolis e em Criciúma respectivamente.

Pedalando em Beijing
Na época era costume fazer umas aventuras. As que eu mais gostava eram, atravessar uma pinguela de eucalipto de um pau só, que havia sobre um riacho no potreiro, onde a gente ia tomar banho pelado escondido dos pais, e a outra era pedalar sobre a estrada de ferro, quando íamos com a bike sobre o trilho, firmando uma das mãos no guidão e a outra apoiada no ombro de um colega que pedalava sobre o outro trilho, ambos com o corpo levemente inclinado para manter o equilíbrio. Quando a bike caía, ou na nossa linguagem de moleques, “descarrilava”, dependendo da posição da queda, complicava um pouco a região pélvica, mas nada que impedisse a peripécia.

Em 1974 vim para Florianópolis fazer o vestibular para engenharia, e a bike ficou esquecida.

Monark Super 10 ano 1978
Em 1978 formei-me engenheiro eletricista. Com meu primeiro salário de engenheiro comprei uma Monark Super 10, na extinta Loja Prosdócimo do Estreito. Montei a bike ali mesmo, no depósito, e fui pedalando para casa pela passarela de madeira da Ponte Hercílio Luz, por cujas frestas se via o mar lá embaixo. Saudades daquele visual.
No final dos anos 80, numa de minhas idas a serviço a São Paulo, comprei uma Caloi Aluminum. Presumo que à época era a primeira bicicleta de alumínio fabricada no Brasil.

Com o tempo fui esquecendo a bike até que em 2006, preparando-me para a aposentadoria, reacendeu-se a chama da bike. Iniciei pedalando só no plano, depois fui ensaiando uns morrinhos e hoje não escolho mais chão para pedalar.

Em Pamplona no caminho de Santiago
Desde então fiz vários ciclopasseios, entre eles o Vale dos Vinhedos e Parte Alta do Circuito Vale Europeu com o pessoal do “Caminhos do Sertão”, Urubici e Cânions Fortaleza e Itaimbezinho com o “Floripa Bikers”, além de muitos outros. Mas o que eu gosto mesmo são os ciclopasseios que organizo com meus colegas de pedal, sem pressa e sem stresse.

Nessas andanças já tive a oportunidade de fazer alguns pedais internacionais, entre eles o Caminho de Santiago de Compostela, saindo de Saint Jean Pied de Port na França, perfazendo 854 km em 12 dias, juntamente com dois colegas.

Pedalando em Hangzhou
Além dessa, pedalei na China em Beijing, Shangai e Hanghzou (essa ultima possui 34.000 bicicletas publicas de aluguel), quando estive fazendo um free lancer no ano de 2010. Além de um pedal na Itália numa passagem pelas terras dos meus avós, e os pedais que fiz com minha mulher em 2010 em Colônia do Sacramento no Uruguai, e em 2012 por San Francisco na Califórnia, com direito a travessia da Golden Gate e almoço em Salsalito.

Com esposa em San Francisco California
Para esse ano, além dos ciclopasseios regionais, eu e minha mulher estamos esquematizando o “Caminho da Luz” no primeiro domingo de julho, de Tombos em Minas Gerais até a base do Pico da Bandeira na Divisa com o estado do Espirito Santo, e em setembro, um ciclopasseio pela província da Emilia Romagna na Itália.
Já dizia o poeta: Nada melhor que um ciclopasseio onde se desfruta de um visual cinematográfico que só a bike proporciona. Sendo assim enquanto tiver pernas, vou pedalando.

Vânio J. Savi

3 comentários

  1. Respostas
    1. Depoimento muito bom.
      Fale para o Audálio sobre o relato da nossa travessia de Santiago de Compostela.
      Edio

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  2. Vanio, a tua história ciclísitca é ótima. Continue assim! Cicloabraços!

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