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Gente que Pedala #3 - Thaís Safe


O Gente que Pedala tem o prazer de apresentar um depoimento feminino hoje: Thaís Safe.

Ela é uma ex-tri atleta que ainda curte pedalar e, como muita gente, só não pedala mais porque tem medo em função da falta de uma maior segurança no trânsito para os ciclistas.

Neste depoimento ela fala sobre sua vida ciclística e apresenta várias expectativas que certamente correspondem aos desejos de muitas pessoas!

Espero que curtam!


Thaís participando de competição
Não sei dizer a idade com que aprendi a pedalar, 6 ou 7 anos, bicicleta infantil com rodinhas que logo foram dispensadas, sem medo dos muitos tombos e joelhos ralados.

Lembro da Caloi 10 do meu pai, gigante pra mim – mal sabia  que isso seria uma constante na minha vida de ciclista... -  foi com esta bike que aprendi a pedalar “em pé” e foi com ela que aprendi a fazer curvas perigosas (rsrsrs) pois pedalava ao redor da garagem em círculos, quando fui pedalar a primeira vez  numa reta quase caí! 

Infelizmente naquele tempo a bike pra mim não era um meio de transporte, meus pais não queriam que eu fosse tipo pra escola pedalando, mas eu podia ir à pé... com o tempo, pedalar foi se tornando esporte de final de semana, meus treinos eram na piscina.
Mas quando a pessoa se identifica com a bike, não tem jeito, acaba voltando a pedalar. Seja por esporte, meio de transporte, lazer ou tudo isso ao mesmo tempo.
Certamente jamais esquecerei minha primeira competição. Tanto pelas expectativas, como também pelo outro lado, o do medo, da ansiedade, da incerteza de conseguir completar a prova, de faltar fôlego, de quebrar alguma coisa da bike no meio do caminho...

Claro que tudo isso se torna pequeno depois que termina a primeira competição, independente do resultado, porque no início o que conta é passar pela experiência, aprender como o corpo responde durante e depois de uma prova, o que faltou na preparação física, o que melhorar na bike e nos treinos.
Li sobre a história do primeiro Ironman na ilha de Kona, Hawaii e custei a crer que este esporte algum dia sairia daquele primeiro encontro de um maratonista, um nadador de águas abertas e um ciclista de longa distância. Pouco tempo depois tive notícias de atletas brasileiros participando do Ironman, atletas de triatloem Santa Catarina, campeonato catarinense... mas, pelas dimensões da prova (o Iron), considerava triatlo uma loucura pra mim.
No início participava de provas de duatlo aquático porque eu era nadadora mas também gostava de correr. Daí para comprar uma bike e começar a treinar foi questão de poucos meses (só até chegar a bike, que do meu tamanho não tinha aqui). Os primeiros treinos foram um desastre. Não tinha sapatilha de encaixe do tamanho do meu pé, mas a bike veio com os taquinhos, então eu treinava de tênis com aqueles mini taquinhos de apoio, o pé escorregava e a bike apesar de pequena (quadro 52) era uma KHS speed aro 27, mesmo com o selim lá embaixo ainda ficava alta demais pra mim. Meus amigos que treinavam há mais tempo logo deram a dica de manter a bike por um tempo até adquirir “tempo de pedal” e depois investir numa aro 26 quadro 48. Beleza. Quase caí pra trás quando vi o preço da bonita. Tinha acabado de comprar uma e já teria que investir em outra?

Bem, a temporada de competições ainda não tinha começado e meu ciclismo era uma enrolação só... não tinha coragem de pedalar na SC, treinava na ciclovia nos horários mais bizarros quando não tinha ninguém e ia pedalando para os dois lugares onde trabalhava, que não eram distantes. Treinava  sozinha e sinceramente isso não me dava coragem de encarar longos percursos.  Já tinha virado piada entre os amigos.

Foi quando uma colega, que competia corrida de rua, resolveu começar a competir triatlo, e pra minha sorte ela tinha pouca prática com a bike e passou a me acompanhar nos treinos. Foi aí que tive mais confiança de encarar o asfalto de verdade, o medo foi passando, eu diria que até demais. Fiquei mais auto confiante, mais arrojada em cima da bike, nas curvas de retorno já não perdia tanta velocidade e encarava subidas que antes passava longe... o problema é que assim como a companhia de alguém me ajudou, como ela era atleta já de corrida (corria mais que muito homem) logo o ciclismo dela já estava que nem de homem tbm e o que era treino pra mim, pra ela era  passeio, rsrsrs. Voltei a treinar sozinha, mas ganhei muito mais confiança em cima da bike.

Nada melhor do que tempo de pedal e quilometragem para ganhar experiência. Isso  tudo aconteceu há mais de 15 anos... Até hoje ainda tenho medo de encarar a BR e as SCs como estão agora, e atualmente é o que me impede de usar a bike para ir trabalhar.

Sei que é feio uma ex-atleta viver de desculpas pra não usar uma bicicleta como meio de transporte, mas hoje sou mãe de dois filhos e é somente neles que eu penso antes de correr riscos, até mesmo quando atravesso uma rua. É por eles também que levanto a bandeira da luta por ciclovias nas cidades, por uma verdadeira educação no trânsito (através do exemplo principalmente). 

Eu acredito que pedalar vai fazer parte da vida das pessoas assim como almoçar e jantar. Que mesmo numa cidade onde chove tanto como Floripa, a bicicleta será um meio de transporte usado todos os dias, não somente nos ensolarados finais de semana.

Quero acreditar também que as políticas públicas estarão comprometidas com a valorização dos espaços chamados CICLOVIAS e que as mesmas sejam feitas para todos usuários de bicicleta (com início, meio e fim e locais para travessia segura), não somente para enfeitar a rua e preencher lacunas.

E antes que este depoimento vire uma seqüência de utopias, quero dizer que mesmo se você pedala por lazer, para perder peso, para ir trabalhar, para competir ou apenas como exercício, todos os dias você já é um vencedor, por superar-se e por cada uma de suas conquistas no pedal. Confie em você, seja um exemplo e um incentivo para quem está próximo. Em breve seremos um pelotão!

4 comentários

  1. Obrigada por disponibilizar este espaço para trocar experiências e compartilhar depoimentos.
    Valeu!

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  2. Que baita depoimento, hein Thaís? Falo como uma apaixonada por pedal e admiradora de triatletas. Seu depoimento nos mostra os ciclos pelos quais passamos, o medo do início, a perda do medo ao longo do tempo (que nos deixa mais corajosos e vulneráveis, sem dúvida), a superação dos desafios e o amor verdadeiro pela família. Este nos faz pensar sempre duas vezes antes de fazer qualquer coisa, imagino então quando se trata do amor materno.

    Belas palavras que suscitarão reflexões em quem acompanhá-la por este relato.
    Obrigada!

    Cicloabraços,
    Bia

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